sexta-feira, 25 de setembro de 2015

O Fim do Caminho

Como chegou a tal ponto? Sem volta no beco sem saída; a estar presa em meio seus próprios pensamentos, a estar perdida em sua própria vida.

Perdida em si

Não sabe e não quer saber. Não importa o porquê de estar onde está ou quem a levou até lá, o que importa é que está. Está perdida, sozinha. Semi-morta, semi-viva. Morta-viva. As pílulas gritam em sua mesinha de cabeceira todas as manhãs, enganando-a, seduzindo-a com promessas que aqueles meros comprimidos não podem cumprir; as promessas de dias melhores.

Acorda todos os dias para a luta interna que ninguém acompanha, ninguém assiste. A luta que nunca terá fim, apenas cria novos machucados à cada passo trôpego; as cicatrizes em seus tornozelos refletem aquelas que tem por dentro. Cicatrizes de batalha, de derrotas, causadoras de extrema vergonha. Causadoras dos tais dias piores.

Levanta da cama para o dia nublado, mesmo que lá fora esteja ensolarado. O reflexo no espelho mostra a garota de lábios rosados e cabelos penteados; já seus olhos mostram o zumbi que se esconde na carcaça de menina.

Isso que vive é a tal vida? 

Liga o rádio e fecha os olhos; a letra feliz e a melodia dançante entram por um ouvido e passam direto pelo coração gelado, sem causar efeito, sem dividir um traço de sua alegria com aquele pobre coitado que está tão necessitado. Quer um pouco daquele carinho, um pouco daquela felicidade. Quer ver a luz e voltar a bater com vontade, mas está trancafiado em um lugar escuro, sem pulsar de verdade. Bate. Tum. Tum. Mas não quer. Preferia estar parado, mas está sendo obrigado a continuar naquela tortura tão dura, tão dolorida. Tum. Ele quer parar, ela quer que pare. Tum. Ele não para e ela perde as esperanças.

Adeus, dias melhores, pois sabe que não chegarão; sabe que está fadada àquilo, àquela tristeza, àquela solidão. Sabe que sempre será Clarisse como aquela Clarisse da canção.

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